21/05/2018

Mulheres negras participam ativamente de encontro internacional em Salvador

Criola apoia a ida de mulheres negras para Encontro Internacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado

De 16 a 21 de maio, mulheres de todo o Brasil e representantes de outros países como Colômbia, participaram do III Encontro Internacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado, realizado em Salvador (BA). Criola apoiou a ida de cinco mulheres negras do Estado do Rio de Janeiro que atuam em movimentos de mães e familiares de vítimas da violência por parte do Estado.

É importante registrar que, comprovadamente, os jovens negros são as maiores vítimas, o que demonstra a força do racismo em todo o país.  

Entre 2009 e 2016, mais de 21.900 pessoas foram mortas pelas polícias de todo o país, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Só no Rio de Janeiro, de 1997 aos dias de hoje, mais de 16 mil pessoas foram assassinadas pelas polícias do Estado, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Na Bahia, 1.759 pessoas foram assassinadas pelas polícias entre 2012 e 2016. Em São Paulo, foram 4.004 homicídios decorrentes da ação policial no mesmo período. Isso sem contar os milhares de desaparecimentos forçados promovidos por agentes do Estado em todo o país.

O encontro tem por objetivo fortalecer a luta por justiça daqueles que perderam seus familiares, dando visibilidade às violações de direitos perpetradas pelo Estado, além de ser um importante momento de troca de experiências entre os familiares, que vivem o cotidiano da ameaça e da repressão, e buscam a construção da memória de seus filhos.

Segundo Mônica Cunha, representante de Criola no evento e também Coordenadora do Movimento Moleque, o objetivo do encontro é trocar experiências, compartilhar saberes e, sobretudo, denunciar e pressionar o Estado brasileiro que segue sendo um agente violador de direitos. “Os familiares de pessoas em situação de privação de liberdade se tornam vítimas do estado opressor quando tem seus direitos violados ao passar, por exemplo, por medidas vexatórias quando vão visitar seus familiares, seja no sistema prisional ou em espaços de cumprimento de medidas sócio-educativas”.

Mônica acrescenta ainda, que se em um primeiro momento essas mães cientes da violação de direitos acreditam e buscam justiça, quando percebem que esses processos são lentos, podem levar anos e talvez nunca serem solucionados, elas rapidamente adoecem. “Os encontros e as conversas com outras mulheres que vivem a mesma situação contribui para o fortalecimento mútuo e mantém todas de pé e ativas na luta por justiça. Eu, infelizmente, não vou conseguir a justiça que qualquer mãe no meu lugar gostaria de obter, que é ter os assassinos do meu filho responsabilizados e presos e o Estado brasileiro se desculpando por ter me colocado nessa situação. Mas eu obtive justiça de outra maneira, na medida que consigo fazer com que outras mulheres se mobilizem por justiça”.

Criola apoiou a ida de cinco mulheres do estado do Rio de Janeiro que atuam na Rede de Comunidade e Movimento Contra  Violência no Rio de Janeiro, Movimento Moleque e Movimento Mães da Baixada.

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