28/01/2020
Uma homenagem à brilhante Beatriz Nascimento
Bethania Nascimento Freitas Gomes, filha de Beatriz Nascimento e integrante do Dance Theater of Harlem, e Alex Ratts e o pesquisador, da Universidade Federal de Goiás, são os responsáveis pela organização da publicação. Beatriz faleceu há 25 anos
Folheando papéis: poemas, aforismos e ensaios de Beatriz Nascimento
Esta coletânea é o resultado de duas leituras, duas intenções, que convergem: a da filha, que é bailarina, e a do pesquisador, antropólogo e geógrafo, que também é poeta. Muitas vezes adentramos demais no universo sensível dos textos e nos comovemos. Noutras vezes fomo tomando distância e fazendo uma escolha mais objetiva.
Selecionamos o que consideramos que são textos de qualidade. Não é uma seleção feita com base em uma crítica literária ou mais precisamente poética. Para nós o importante é tornar público uma parte significativa da escrita que entendemos como representativa da trajetória pessoal e pública, artística e política de Beatriz Nascimento, de seus contextos, de seu tempo espaço.
Os sessenta poemas foram divididos em três partes, tendo em vista que, a partir da leitura, tínhamos em mente grandes temas abertos: 1. Próxima, primordial: conjunto de poemas que se referem à infância, à formação da família, às pessoas próximas de sua vida adulta; 2. Mítica, histórica: esta seleção traz a interpretação que Beatriz faz do arquétipo de alguns orixás, das relações raciais, dos quilombos, algumas citações sobre a História, os processos históricos e o trabalho com os documentos; 3. Existencial, cósmica: textos que tratam do fazer poético, de questões como o amor e a saúde, e outros em que os corpos celestes podem ser lidos como metáforas da existência, da solidão, da feminilidade, dentre outros assuntos. Os mesmos temas podem ser encontrados nos aforismos, assim como nos ensaios. Estes últimos são completamente inéditos no Brasil, pois “Meu negro interno” foi publicado no jornal Village Voyce de New York com o título “My Negro Inside”.
Folheando estes papéis encontramos uma pesquisadora, militante, escritora, poeta e também mãe, filha, amiga, irmã. São textos que trazem um pouco da vida particular de uma figura pública, bastante conhecida por seus posicionamentos e por sua determinação, que tinha uma escrita pessoal que marca igualmente quem passa a conhecê-la tratando de temas pouco comuns à militância.
Esperamos que esta escrita poética permita que se refaçam muitas distâncias com seus textos historiográficos. Este retorno se dá em companhias especiais, a exemplo dos poemas de Conceição Evaristo e Arnaldo Xavier dedicados a ela; um texto de cada um de nós (o de Bethania sobre o reencontro com a obra da mãe e a vontade de publicar os poemas e o de Alex acerca da poética de Beatriz); o artigo da atriz e ativista Lúcia Gato que prepara um recital com os poemas; o artigo da antropóloga Christen A. Smith que correlaciona Beatriz com poetas negras estadunidenses e as ilustrações de Iléa Ferraz feitas exclusivamente para este livro.
É mais um retorno de Beatriz Nascimento. Ela está voltando.
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