25/11/2021
Criola lança série de vídeos sobre Violência Política e Segurança Digital
Ação integra as atividades do projeto Redes de Suporte Por Uma Cultura de Segurança Entre Ativistas Negras
Mulheres negras, cis e trans, são as principais atingidas pela violência política no espaço legislativo. Apesar de representarem 27,8% da população brasileira, atualmente elas ocupam apenas 2% das cadeiras legislativas, mostrando como age o racismo patriarcal cisheteronormativo em nossa sociedade. Com a aproximação das eleições de 2022, é necessário se preparar para enfrentar as mais diversas formas de violências que atingem esse grupo nesse contexto.
Entretanto, a violência política contra mulheres começa muito antes da disputa pelo pleito eleitoral. Ao se tornarem ativistas, lideranças comunitárias ou representantes de iniciativas e ganharem visibilidade em seus territórios, as mulheres, especialmente as negras cis e trans, sofrem inúmeras violências, que podem ser psicológicas e até físicas.
Estes são alguns dos motivos que levaram Criola a lançar, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres (25/11), a série “Mulheres Negras e Ação Política: Com Violência Política Não Existe Democracia!”, composta por 4 vídeos que abordam a Violência Política e Segurança Digital.
O primeiro vídeo da série traz o professor Cristiano Rodrigues, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que aborda o conceito da violência política de gênero e a série de fatores que impedem maior participação de mulheres em cargos eletivos.
No segundo vídeo, Dandara Rudsan, do Coletivo Amazônico LesBiTrans, afirma que é necessário ter o olhar voltado para as ações das mulheres em seus territórios. “A gente precisa que esses territórios sejam imbuídos de mecanismos preventivos desta violência”, afirma a ativista. Para que isso aconteça, além de ações efetivas do Estado, ela destaca a urgência da participação da sociedade nessa mudança.
Violência na internet
Atualmente, um dos espaços onde essa violência mais acontece é no ambiente digital. Nas ações desenvolvidas pelo REDES, em 2020 e 2021, constatamos que 100% das lideranças envolvidas fazem uso do celular para a sua atuação política, na articulação de eventos, administração de páginas em redes sociais, produção de materiais e participação em reuniões de seus grupos e coletivos. Deste universo, 66,7% compartilhavam seus aparelhos com mais de uma pessoa da família. Apenas 40% possuíam computador em casa. Entre as lideranças participantes do REDES 40% relataram ameaças recebidas no período.
Por isso, a série traz ainda dois vídeos com o tema Segurança Digital, alertando para o uso seguro e responsável das redes por essas mulheres. Participam Vanessa Gomes (Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas), Silvia Batista (Teia de Solidariedade da Zona Oeste-RJ), Ingrid David (Coletivo Agbara), Maraynne Pontes (Alagbara) e Nilce Naira (RENAFRO), integrantes da ação, que também oferece assessoria digital aos grupos.
A iniciativa integra o projeto Redes de Suporte Por Uma Cultura de Segurança Entre Ativistas Negras, que conta com apoio do Fundo Elas. O projeto de Criola reúne 21 grupos e organizações lideradas por mulheres negras cis e trans que promovem ações políticas locais para o enfrentamento às crises agravadas pela pandemia da Covid-19, para mobilização e adoção de uma Cultura de Segurança, especialmente a Segurança Digital em suas práticas políticas.
Assista os vídeos da série: