04/11/2022
Criola leva a agenda das mulheres negras à COP27
Os desastres ambientais, como o ocorrido em Petrópolis, em fevereiro de 2022, escancaram a relação entre a crise climática e o racismo ambiental, uma vez que as regiões mais afetadas são aquelas onde estão a população negra. Por isso, é essencial que o debate de raça e gênero faça parte do debate climático. E é a agenda das mulheres negras cis e trans sobre mudanças climáticas que será a pauta de Criola durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, que acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito, a partir de domingo, dia 6 de novembro.
A participação na COP27 faz parte de um conjunto de ações de Criola, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade – ICS, que visam ampliar a incidência política de mulheres negras cis e trans no debate sobre justiça climática. Todas as ações adotam a perspectiva de enfrentamento do racismo patriarcal cisheteronormativo ao analisar os impactos das mudanças climáticas na sociedade.
Para a coordenadora geral de Criola, Lúcia Xavier, a concepção das mulheres negras é essencial neste debate. “Se esses fatores não forem considerados, em vez de reduzir as injustiças existentes, as soluções previstas irão potencializá-las”, afirma.
A agenda das mulheres negras cis e trans sobre as mudanças climática destaca a importância de analisar o problema por um prisma de raça e gênero, uma vez que elas são diretamente afetadas pelos efeitos já visíveis. Entre as ações propostas, estão também o resgate de conhecimentos e práticas ancestrais das comunidades negras sobre a questão que, por muito tempo, foram invisibilizados e ignorados.
A COP27 acontece entre os dias 6 e 18 de novembro e o Brasil estará presente com três frentes na atividade: as comitivas oficial, da sociedade civil e outra patrocinado pelos governos de nove estados amazônicos.
Debate no Rio de Janeiro
Enquanto as atividades da COP27 iniciam no Egito, no Rio de Janeiro, o evento O Clima é de Mudança, organizado pela Coalização de mesmo nome, acontece no Circo Voador no dia 6 de novembro, a partir das 10h. Na programação uma série de oficinas, exibição de filmes, mesas de debates e apresentações musicais. Os portões serão abertos para todos os interessados a partir das 16h, para acompanhar os debates e shows. Antes desse horário, somete com inscrição prévia.
Lúcia Xavier, coordenadora geral de Criola, participa da mesa “Justiça climática e racial”, ao lado de Lídia Guajajara e MV Bill, que acontece a partir das 18h. Antes disso, às 16h acontece a mesa “Do local ao global: o papel do internacional para soluções locais na construção da Justiça Climática”, que terá a participação de Eloy Terena, Thais Santos e Júnior Aleixo.
O evento debate a justiça socioambiental e climática observando a produção de tecnologias verdes a partir dos territórios periféricos, sem deixar para traz a ancestralidade e as ferramentas que devem ser consideradas nos grandes espaços de decisão sobre Clima, como a própria COP27. Mais informações na página da Coalização O Clima é de Mudança.