09/08/2021

Curso de atualização “A Teoria e as Questões Políticas da Diáspora Negra nas Américas” celebra 15 anos de contribuição à luta contra o racismo

Por Júlia Tavares, da Comunicação de Criola

 

Referência no Brasil e nos Estados Unidos na qualificação de ativistas e intelectuais negras para a intervenção política, o curso de atualização “A Teoria e as Questões Políticas da Diáspora Negra nas Américas” ganhou, no dia 31 de julho, uma celebração on-line por ocasião de sua 15ª edição. Realizada atualmente por Criola, pela Universidade da Califórnia/Riverside e pelo NIREMA/PUC-Rio, a iniciativa ajudou a formar mais de 300 estudantes com atuação em múltiplos espaços de produção de conhecimento, cultura e ativismo.

O evento reuniu professores e cursistas para uma reflexão sobre a contribuição do curso à luta contra o racismo patriarcal cisheteronormativo. “A ambição de Criola é ser a ponte para que as novas gerações tenham as ferramentas para inventar um novo mundo. Essa é uma formação associada à vida, à prática e a um projeto de futuro”, destacou Jurema Werneck, uma das fundadoras de Criola, professora do curso e atualmente diretora executiva da Anistia Internacional Brasil.

Nessa trajetória, iniciada em 2006 por Criola, Universidade do Texas e Universidade do Estado do Rio de Janeiro, foi possível estabelecer um rico intercâmbio entre brasileiros e norte-americanos interessados no estudo das relações raciais da diáspora a partir das análises críticas produzidas pelo feminismo negro no Brasil e nos Estados Unidos.

Parte desse legado foi lembrado na live pelo professor Edmund T. Gordon, fundador do Departamento de Estudos da Diáspora Africana e vice-reitor para a Diversidade na Universidade do Texas, em Austin. “O curso ajudou a entender e a pensar o sentido da diáspora como uma comunidade que luta contra a antinegritude e se identifica como negra, além de compartilhar um posicionamento moral que nos unifica”, afirmou.

Charles Hale, professor da Universidade da Califórnia-Santa Bárbara, reiterou o caráter inovador da formação que, segundo ele, trouxe uma visão quilombola e de postura de sobrevivência para espaços institucionais. “A lição do curso é a necessidade de reconstrução do projeto de mudança radical dentro da universidade”, disse.

O incentivo do curso “A Teoria e as Questões Políticas da Diáspora Negra nas Américas” à trajetórias acadêmicas foi destacado na live por várias ex-cursistas, como Giovana Xavier, professora da UFRJ, e Sonia Beatriz dos Santos, professora da UERJ. Katiuscia Ribeiro, pesquisadora na UFRJ, contou que sua participação nas aulas em 2009 foi fundamental para que ela não desistisse da graduação naquele momento. “Em contato com as epistemologias negras apresentadas, comecei a entender que existiam vários caminhos e a me alicerçar nessas mulheres negras para criar outros horizontes no campo do conhecimento, com outras possibilidades de narrativas no campo da filosofia”, descreve.

A live ainda contou com depoimentos de Lúcia Xavier (Criola), Edson Cardoso (Irohín), Magali Almeida (UFBA), Ana Flauzina (UFBA),  Thula Pires (NIREMA/PUC-Rio), Allyne Andrade (FBDH), Dina Alves (IBCCRIM) e João Vargas (UC-Riverside), entre outros.

Reveja aqui a gravação da live Percursos da Formação de Ativistas e Intelectuais Negras na Diáspora.

Crédito foto: Fábio Conceição

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