19/07/2017
Mulheres Negras promovem agenda política e cultural
Como parte dessa agenda, Criola e Abia promovem, no dia 20 de julho, às 15h, a oficina “HIV e AIDS: prevenção combinada e as mulheres negras”. O evento terá a participação de Veriano Terto Jr., vice presidente da ABIA, e Lúcia Xavier, diretora de Criola. A ABIA fica na Av. Presidente Vargas466, 13º, Centro, RJ.
Com a proximidade do dia 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, mulheres negras de todo o Brasil se articulam para promover uma agenda política e cultural de ações de enfrentamento ao racismo, defesa, promoção e garantia de seus direitos. No Rio de Janeiro, organizações, movimentos, coletivos e ativistas vão realizar uma mobilização de 25 dias de Ativismo das Mulheres Negras: a potência das nossas vozes contra a violência, fortalecendo direitos pelo bem viver. Nos últimos anos, a força da ação política das Mulheres Negras aumentou e ganhou mais visibilidade. São Mulheres Negras de diferentes idades, territórios e organizações, que têm desenvolvido diferentes formas de denunciar e combater o racismo e o sexismo. O mês de julho é mais uma oportunidade de ampliar nossa voz, ação e incidência política. Por isso, de 8 de julho a 1° de agosto haverá em todo o estado seminários, rodas de conversa, atos públicos, saraus, entre outros.
A justificativa do lema está na conformação do dia 25 de julho. “Em 1992, na República Dominicana, Mulheres Negras de diferentes países da América Latina e do Caribe se reuniram em Santo Domingo, com o objetivo de discutir temas de interesse da comunidade negra desta região e a Diáspora em busca de alternativas que permitissem o enfrentamento do racismo, sexismo e diversas formas de discriminação que as Mulheres Negras sempre sofreram no decorrer da história”.(1) No encontro, foi definido o dia 25 de julho como o Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe, que teve como principal objetivo a visibilidade e o fortalecimento da luta das mulheres negras da região. Além desse resgate histórico, foi incorporado o conceito de bell hooks sobre o uso estratégico da voz, do contar histórias, para promover a liberdade.(2) Nesse lema, a articulação reforça que as mulheres negras são cruelmente afetadas pela violência, tanto como vítimas diretas e indiretas. Por isso, afirmamos que desejamos o “bem viver” e por ele marchamos(3).
A agenda é uma construção coletiva e vai divulgar todos os eventos que mobilizarem as mulheres negras em torno dos temas do Dia 25 de Julho. No entanto, o destaque fica por conta de três eventos: Ação na Central do Brasil (25 de julho), a Marcha das Mulheres Negras (Posto 4 da Praia de Copacabana, 9h, do dia 30 de julho) e, para fechar a agenda, no dia 1° de agosto, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro dará a Medalha Tiradentes à escritora Conceição Evaristo.
Todos os eventos serão disponibilizados no Facebook, que também fará uma homenagem a 100 mulheres negras. O endereço da página é https://www.facebook.com/25-dias-de-Ativismo-das-Mulheres-Negras-RJ-1739073596389882/
(1) RIO DE JANEIRO. Lei 5071 Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Fórum Estadual de Mulheres Negras Rio de Janeiro. Fórum Nacional de Mulheres Negras. Comissão Especial para Debater as Questões Relacionadas aos 120 Anos da Abolição da Escravatura. Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. 1ª ed. Rio de Janeiro: Alerj, 2007. 75p.
(2) Hooks, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade / bell hooks ; tradução de Marcelo Brandão Cipolla – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013. 273 p.
(3) ROSANE BORGES. Marcha das Mulheres Negras: contra o racismo e pelo bem viver! Disponível em: http://mulheresnegrasma.com.br/?p=158. Acesso em: 02 de jul. 2017. “A Marcha das Mulheres Negras 2015 ordena-se em torno do enunciado “contra o racismo e pelo bem viver”. A conjugação desses dois termos não se constitui apenas como estratégia retórica, mas procura incidir no projeto de nação levado a cabo desde tempos remotos até às primeiras décadas do século XXI. Nesse projeto, como se vê, a população negra sempre figurou como extrato rebaixado que procurou, sem o consórcio de outros sujeitos, a plena participação na sociedade brasileira no pós-escravidão (estávamos e continuamos, em muitos expedientes, por nossa própria conta). As experiências e os exemplos de nossas formas de resistência são múltiplos e atestam inequivocamente o lugar marginal a que fomos inseridas. Desse lugar, reivindicamos a vida plena, reivindicamos por saúde, educação, arte, lazer, moradia, em lutas infatigáveis. Das práticas dos terreiros, dos laços comunitários entre famílias negras, das manifestações culturais e religiosas, dos investimentos em educação – ações revestidas de caráter político – extrai-se um expressivo repertório de estratégias para o governo de si e dos pares.”