17/04/2025
Nota de solidariedade à Deputada Federal Erika Hilton
Criola expressa solidariedade à Deputada Federal Erika Hilton, mulher negra e trans, diante da violência institucional sofrida durante seu deslocamento para a Brazil Conference, quando foi identificada compulsoriamente em seu visto diplomático como sendo do “sexo masculino”. Este é mais um episódio de violação à dignidade das pessoas trans e, sobretudo, de embargo aos seus direitos de participação e representação política em espaços multilaterais.
A gravidade do caso se soma à recente decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM), que restringe o acesso de adolescentes trans ao tratamento hormonal e estabelece novos limites para cirurgias de afirmação de gênero. Tais medidas não apenas desconsideram diretrizes internacionais de saúde, como também ignoram o protagonismo e direitos das juventudes trans no Brasil e o acúmulo da luta política das organizações e lideranças LGBTQIAPN+. A decisão representa um retrocesso inaceitável na garantia de direitos fundamentais e na autonomia sobre nossos próprios corpos.
Ambos os episódios revelam o contínuo fechamento do espaço cívico para pessoas trans, especialmente mulheres negras, que enfrentam cotidianamente camadas múltiplas de discriminação — de raça, gênero, classe e identidade de gênero — em suas trajetórias de vida e participação pública. As violências políticas de gênero, institucional e simbólica, têm se tornado um mecanismo sistemático de silenciamento de mulheres negras trans que ousam ocupar posições de poder e visibilidade. É urgente que o Estado brasileiro atue com responsabilidade na promoção e proteção dos direitos humanos, assegurando a integridade física, psicológica e política dessas defensoras de direitos.
Reafirmamos nosso compromisso com a defesa da cidadania plena de pessoas trans e luta contra violências raciais e de gênero. Ecoamos as vozes de mulheres negras trans, cujos direitos de participação política devem ser garantidos, respeitados e valorizados, tanto em instância nacional quanto internacional.
Não aceitaremos retrocessos e seguiremos firmes, pressionando por mudanças concretas.
Em solidariedade e resistência,
Criola