11/11/2025
ONG vê avanço histórico no reconhecimento do racismo ambiental na COP30; entenda o termo
Coluna Míriam Leitão | Por Ana Carolina Diniz
Ao final da Cúpula dos Líderes que antecedeu a COP 30, o governo lançou a Declaração de Belém sobre o Combate ao Racismo Ambiental, que foi endossada por 19 países. O documento reconhece que os “efeitos da crise climática e da degradação ambiental recaem de forma desproporcional sobre povos indígenas, comunidades tradicionais, pessoas negras e outros grupos historicamente vulnerabilizados, e convoca os Estados a cooperar em ações para enfrentá-los”. No discurso de abertura da conferência, nesta segunda-feira, o presidente Lula voltou a falar sobre o tema.
– Reconhecer a necessidade de colocar o racismo ambiental nos discursos globais de combate à crise climática é uma importante convocação para um compromisso com o enfrentamento à fome e à pobreza. Além disso, traz centralidade aos mais atingidos, desproporcionalmente impactados. Temos chamado atenção sobre a urgência de incluir o que pensam e propõem as mulheres negras, as comunidades tradicionais e outros grupos que estão na linha de frente dos impactos climáticos em suas comunidades, colaborando com a implementação de políticas, ações e iniciativas em todos os níveis de governança para a adaptação às condições extremas do clima – opina Mônica Sacramento, coordenadora programática da ONG Criola.
Para Mônica, o reconhecimento da relação entre agenda climática, direitos humanos e racismo ambiental representa um avanço nos debates globais sobre justiça climática. O próximo passo, afirma, é transformar o conteúdo político da Declaração de Belém em ações concretas.
– Esperamos que o tema esteja no centro dos debates e impulsione políticas que posicionem o racismo ambiental como eixo central de uma agenda efetivamente mais justa, inclusiva e transformadora.
A comitiva da ONG Criola participa da COP30 com 15 mulheres, algo inédito na história da organização.
– Este feito é histórico, pois rompe com séculos de exclusão em que mulheres negras foram impedidas de ocupar os espaços onde as decisões que afetam suas vidas e o planeta são tomadas.
O que é racismo ambiental
O termo racismo ambiental surgiu nos Estados Unidos na década de 1980 e passou a integrar relatórios da ONU como um problema global a ser enfrentado. A expressão define uma forma de desigualdade socioambiental que afeta principalmente comunidades negras, indígenas e populações pobres.
De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, “essas comunidades sofrem os impactos negativos da degradação ambiental e da falta de acesso a recursos naturais e serviços ambientais, enquanto as populações mais privilegiadas usufruem de maior proteção ambiental e melhores condições de vida”.
Reprodução: O Globo.