04/03/2022

Selo escolhido em concurso acompanha celebração dos 30 anos de Criola

Pautada pelo combate ao racismo patriarcal cisheteronormativo, Criola contribui, desde 1992, com a instrumentalização de mulheres negras – jovens e adultas, cis e trans e com a ação política – para a garantia dos direitos, da democracia, da justiça e pelo Bem Viver.

O concurso lançado para o desenvolvimento e criação de selo comemorativo da organização escolheu o trabalho do designer Adolfo Júnior.

Criola agradece por todas as inscrições e propostas enviadas.

Saiba mais sobre Criola

A organização foi fundada em 2 de setembro de 1992 por mulheres negras de diferentes inserções e ativismo político. Seu primeiro desafio foi a denúncia sobre a esterilização em massa de mulheres negras nas décadas de 1980, através da oferta indiscriminada de laqueaduras para adolescentes e adultas.

Nessa trajetória Criola criou capacidades para fortalecer as mulheres negras como agentes de mudanças, oferecendo instrumental, espaço de diálogo e de criação de ações voltadas para a defesa dos seus direitos, a exemplo da formação de grupos de promotoras legais populares, agentes comunitárias de saúde; e de redes de atuação para o enfrentamento da violência e da pobreza. Organizou e atuou para o fortalecimento no campo da incidência política nacional e internacional, a exemplo da criação da Articulação de Organizações Mulheres Negras Brasileiras (1999), Controle Social em Saúde (2004), Rede Nacional de Ciberativistas Negras (2017), Coalizão Negra por Direitos (2019) e, mais recentemente, do Observatório de Direitos Humanos Crises e Covid-19 (2020).

No campo da saúde, Criola foi pioneira em consolidar o campo Saúde da População Negra e em tratar de temas como direitos sexuais e reprodutivos, com destaque para a morte materna e a prevenção do HIV/Aids. Para isso, publicou em parceira com lideranças americanas o “Livro da Saúde da Mulher Negra”, obra referência nesse campo. Publicou também artigos, estudos e pesquisas em livros, manuais e boletins; promoveu e participou de conferências, seminários e encontros sobre saúde da população negra. Participou também de inúmeros processos para a criação de redes, fóruns e articulações no campo da saúde; bem como, em diferentes instâncias de delineamento de políticas públicas e de controle social, a exemplo da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Foi uma das mentoras do 27 de outubro -Dia de Luta Pró-Saúde da População Negra (2006).

Criola também foi responsável por apresentar ao judiciário denúncias de violação dos direitos das mulheres, a exemplo da ação contra Sony Music (1997 a 2012) por ocasião da divulgação da música “Veja os Cabelos dela” do compositor e cantor Tiririca; representação pela ausência de implementação da Lei de História da África e dos Afrodescendentes (Lei 10.639 substituída pela 11.645); pelas altas taxas de mortalidade materna de mulheres negras; e sobre a ausência de negros e negras nas médias e altas hierarquias do sistema bancário dos cinco principais bancos brasileiros.

Durante seus 29 anos, Criola vem atuando em conjunto com outras instituições para erradicar o racismo patriarcal, fortalecer e empoderar a população negra, em especial as mulheres negras; democratizar o estado e sociedade brasileira; lutar contra o genocídio da população negra; bem como estabelecer processos sociais que visem a liberdade, a participação e a vocalização dos interesses das mulheres negras.

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