01/07/2022

Criola e organizações sociais cobram garantia do direito à vida durante lançamento do Fórum Popular de Segurança Pública do RJ

Lançado esta quarta-feira (29/6), o Fórum Popular de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro reuniu representantes de cerca de 30 coletivos e organizações da sociedade civil dedicadas à criação de um novo espaço de articulação política, pautado nas necessidades do povo preto e periférico e na garantia da vida como princípio fundamental.

A iniciativa, que será composta pelos eixos de mobilização e formação, incidência política e produção de conhecimento, é resultado de anos de trabalho e surge como contraponto à sistemática violência direcionada à população negra e moradora de territórios, operacionalizada a partir do braço armado das polícias. Durante o evento, ativistas denunciaram a negligência e a atuação do Ministério Público e de todo o sistema de justiça diante da violência policial, lembrando recentes chacinas como as registradas na Vila Cruzeiro e no Jacarezinho.

“Queremos mover passos para enfrentar a violência, mas também para criar novos parâmetros de sociabilidade e existência. A população negra não só sobrevive, mas tem caminhos para buscar felicidade, o bem viver e a existência digna, e por isso precisa estar presente neste Fórum”, disse Lia Manso, coordenadora de projetos em Criola, organização de mulheres negras fundada há 30 anos e uma das integrantes da iniciativa.

Eliene Vieira, da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, trouxe exemplos práticos desta nova visão proposta pelo Fórum Popular de Segurança Pública. “É preciso pensar a segurança pública como oportunidade de emprego para os nossos jovens, como o direito do meu neto ir à escola pública sem ter medo da polícia. Significa ter saúde, poder ir a uma clínica da família e ser bem atendida”, disse ela.

Presente no debate, a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, afirmou que a criação do Fórum significa uma ferramenta essencial para a defesa da população e cobrou ações efetivas do Ministério Público no controle externo da polícia e na redução da brutalidade policial. “Não estamos pedindo por pessoas de bom coração, estamos reivindicando que aqueles assalariados bem pagos e dotados de privilégios que a nossa constituição oferece para defender os nossos direitos cumpram o seu papel”, destacou.

Durante a leitura da carta de fundação do Fórum Popular de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, diversas vítimas da violência do estado foram lembradas com cartazes e manifestações de “presente!”. A carta está disponível no site https://fpopseg.org/.

Participam do Fórum: Iniciativa Direito a Memória e Justiça Racial, Instituto de Defesa da População Negra, Instituto Marielle Franco, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Instituto Raízes em Movimento, Frente Estadual pelo Desencarceramento RJ, Iser, Fase RJ, Justiça Global, Observatório de Favelas, Najup, Mídia 1508, Geni/UFF,Cidades/UERJ, Educafro -Regional RJ, Fórum Social de Manguinhos, Casa Fluminense, Redes da Maré, Blogueiras Negras, Criola, Fala Akari, Movimentos, Fogo Cruzado, Movimenta Caxias, Coletiva Minas da Baixada, Grupo Conexão G, LAbjaca,  Grupo Tortura Nunca Mais RJ, Coletivo Papo Reto, MST, Movimento Candelária Nunca Mais, Rede Nacional de Mães e Familiares Vítimas do Terrorismo do Estado e ativistas de direitos humanos.

Por Comunicação/Criola

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