04/02/2022

Criola é uma das proponentes de Conselho Consultivo de Ações de Combate ao Racismo Religioso

Recém-lançado, Conselho vai orientar e sugerir caminhos na condução de projetos e iniciativas brasileiras voltadas à promoção do respeito e redução do preconceito em relação às religiões de matriz africana

Nas instituições públicas, no sistema de Justiça, nas universidades, nos terreiros ou nas organizações da sociedade civil, somos muitas vozes unidas para exigir um BASTA à violência, aos ataques, às mortes e perseguições aos  religiosas/es/os afro-brasileiras/es/os.

Precisamos de JUSTIÇA para enfrentar os duros ataques aos nossos direitos.

É fundamental, neste momento de tantos ataques e ameaças, ouvir o aconselhamento das/es/os mais velhas/es/os. Para isso, foi criado o Conselho Consultivo de Ações de Combate ao Racismo Religioso, que se reuniu pela primeira vez no dia 31 de janeiro. A proposta foi lançada por Criola, Ilê Axé Omiojuaro, Ilê Axé Omi Ogun siwajú, Ilê Omolu e Oxum e Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde – RENAFRO.

O Conselho, composto atualmente por 13 integrantes dos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, vai orientar e sugerir caminhos na condução de projetos e iniciativas brasileiras voltadas à promoção do respeito e redução do preconceito em relação às religiões de matriz africana. A iniciativa tem o apoio do Instituto Raça e Igualdade, organização internacional de direitos humanos.

“Em comum, nossas organizações têm a luta contra o racismo religioso e outras discriminações correlatas. Sabemos o que essa violência nos acomete e atravessa em nossa vida. Esse conselho foi pensado tendo em vista as ações que os terreiros e lideranças já realizam no encaminhamento de denúncias e no compromisso com essas questões. O Conselho tem o caráter atávico e ancestral, de trazer um pouco dessas forças de superação que são anteriores a todos nós e frente essas violências que nos acometem”, disse Bàbá Adailton Moreira, do Ilê Axé Omiojuarô.

Entre as ações previstas, estão o fortalecimento dos Terreiros e suas lideranças; a articulação das organizações públicas para  a defesa e garantia dos nossos direitos; o monitoramento e orientação às vítimas e encaminhamento de denúncias a organismos internacionais, como ONU e Organização dos Estados Americanos (OEA). “Esses dois sistemas precisam responder a essas violações, já que o sistema de Justiça brasileiro não tem conseguido responder”, destacou Lúcia Xavier, coordenadora de Criola.

“O Brasil é permeado de centenas de experiências religiosas de matriz africana. Sabemos o que esse grupo tem enfrentado, mas precisamos ouvir as pessoas que sofreram violência patrimonial, perderam a da guarda de filhos  ou foram expulsos de seus territórios”, afirmou ela, lembrando que, em 2017, Criola e Ilê Omiojuaro reuniram em um dossiê casos de racismo religioso encaminhado em 2017 à Margarette Macaulay, relatora dos Direitos dos Afrodescentes e das Mulheres da Organização dos Estados Americanos (OEA), e também a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Compõem o Conselho:
1. Mãe Mariá Kecy- Terreiro Raiz de Ayrá/BA
2. Mãe Meninazinha D’Oxum – Ilê Omolu e Oxum/RJ
3. Iyá Nádia de Omolu – Ilè Omó Nidê Aşé Şapanà/RJ
4. Iyá Wanda Araújo de Omolu – Ylê Asè Egi Omin/ RJ
5. Iyá Wanda Machado – Ilê Axé Opó Afonjá/BA
6. Bàbá Celso Ricardo de Oxalá- Sociedade Ketú Àse Igbin de Ouro/SP
7. Babá Egbe Elder de Oyá- Ilê Axé Idan/BA
8. Profª Drª Ana Paula Miranda-UFF/RJ
9. Promotora de Justiça Drª Lívia Santana-MP/BA
10. Profª Drª Denize Ribeiro- Ekedji do Casa Branca /UFRB-BA
11. Defensora Pública Daniele da Silva de Magalhães- DP/RJ NUCORA
12. Procurador da República Dr. Julio José Araujo Junior- MPF/RJ

Por Júlia Tavares, da Comunicação de Criola

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