16/03/2022

Em parceria com ONU Mulheres, Criola fortalece meninas negras para o enfrentamento ao racismo e à discriminação de gênero

No dia 12 de março, no Rio de Janeiro, 60 adolescentes e jovens de comunidades cariocas estiveram juntas para um dia de inspiração, fortalecimento e prática para o enfrentamento ao racismo patriarcal cisheteronormativo e à violência de gênero. A convite de Criola e do programa Uma Vitória Leva à Outra (UVLO), da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional, as jovens trocaram experiências com outras mulheres negras que atuam em diferentes espaços de participação política e tiveram a oportunidade de experimentar diferentes linguagens e adquirir novos conhecimentos.

O I Encontro de LabAtivismo foi o primeiro encontro presencial entre o grupo de participantes do UVLO convidadas para esta etapa da iniciativa, que no RJ é implementada pelas ONGs Empodera e ICA. De janeiro a abril deste ano, elas integram uma jornada de reuniões de formação e apoio para o desenvolvimento das iniciativas locais, que serão inauguradas a partir de campanha de Comunicação elaborada pelas próprias jovens com apoio de Criola – organização da sociedade civil com 30 anos dedicados à defesa dos direitos de mulheres negras cis e trans.

Mônica Sacramento, coordenadora de projetos de Criola, conta que o desafio é incentivá-las a expressar suas percepções sobre a realidade em que vivem, sobre sua condição e situação de vida como jovens mulheres negras, considerando as barreiras e desigualdades impostas pelo racismo patriarcal cisheteronormativo, em especial na etapa da infância e juventude. “Por meio do incentivo à elaboração de ações coletivas territoriais, projetadas e executadas pelas participantes, investimos em processos de socialização política  com estímulo à cocriação e cogestão de intervenções coletivas em prol da garantia de direitos e transformação social de suas realidades”, completa.

Inspiração

De que formas é possível incentivar o protagonismo político de meninas negras? O que elas podem fazer, juntas, para enfrentar o sexismo e a violência de gênero em diversos espaços? Essas perguntas foram o tema da primeira mesa do evento, composta por Graziella Carvalho, do Girl Up Brasil, Ellen Ferreira, da Secretaria de Políticas de Promoção da Mulher do Rio, Ingrid Siss, da Secretaria Especial da Juventude Carioca e Mônica Sacramento, de Criola. Todas abordaram o quanto o trabalho pelo coletivo é gratificante e o quanto a política pode e deve estar acessível para as jovens.

Na segunda parte do dia, o grupo participou de oficinas de Teatro, com Verônica Costa, escrita criativa, com Carol Rocha/Dandara Suburbana, segurança digital, com Ingrid David, do Coletivo Agbara, e Vitor Matos, do Coletivo Pretxs no Topo, e elaboração de projetos, com Márcia Florêncio, da Rede Madureira Criativa.

“Essa experiência mudou minha forma de ver onde eu posso estar. Por exemplo, na política. Mesmo não tendo um cargo, eu não sabia que eu poderia lutar pelos meus direitos fazendo debates, dialogando com alguma pessoa lá de dentro. Agora eu vi que eu posso”, disse Beatriz Soares, de 16 anos.

Sobre Criola

Criola é uma organização da sociedade civil com 30 anos de trajetória na defesa e promoção dos diretos das mulheres negras e na construção de uma sociedade onde os valores de justiça, equidade e solidariedade são fundamentais. Nesse percurso, Criola reafirma que a ação transformadora das mulheres negras cis e trans é essencial para o Bem Viver de toda a sociedade brasileira.

Sobre o UVLO

“Uma Vitória Leva à Outra” é um programa conjunto entre a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional, em parceria com as ONGs Women Win e Empodera. Ele visa garantir que meninas e mulheres possam participar, trabalhar com, governar e desfrutar do esporte em igualdade de condições. O programa foi reconhecido como um legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e, em sua segunda fase, de 2018 a 2021, treina organizações esportivas a trabalhar com o empoderamento de meninas através do esporte e, assim, garantir resultados de longo prazo na quebra do ciclo da violência.

Por Júlia Tavares, de Criola

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