26/10/2021

No Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra (27/10), Criola alerta sobre impactos do racismo

Ao longo desta semana, organização de mulheres negras convida internautas a relatarem histórias com a hashtag #racismoadoece e cobra implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

Como o racismo afeta a sua saúde? A pergunta, lançada por Criola, organização da sociedade civil com 29 anos de trajetória na defesa dos direitos das mulheres negras, dá o tom para reflexões nas redes sociais por ocasião do Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra (27/10). No Instagram e no Facebook (@ongcriola), Criola utiliza a hashtag #racismoadoece para alertar sobre a urgência da erradicação do racismo em todas as esferas de governo, nas empresas e na sociedade.

Ao destacar que o racismo e o sexismo restringem o exercício de direitos, ferem a dignidade e determinam piores condições de vida e saúde, Criola lembra que as mulheres negras e suas famílias estão entre as principais vítimas da pandemia de Covid-19. A população negra – que representa 75% entre os mais pobres — enfrenta desde 2020 um duro impacto em suas condições de vida, tais como empobrecimento, falta de água potável e saneamento básico, perda dos postos de trabalho já precarizados, ampliação da carga de trabalho no campo do cuidado e de suporte a comunidade.

“As violências dobraram nos níveis institucional, individual e comunitário. Houve desmonte dos serviços de enfrentamento da violência, especialmente a sexual, com retrocesso em legislações voltadas para os direitos sexuais e reprodutivos, além da precariedade no acesso aos serviços de saúde materna”, avalia Lúcia Xavier, coordenadora geral de Criola.

As relações entre acesso à direitos humanos básicos e a saúde sexual e reprodutiva – como acesso a informações e técnicas para planejamento familiar e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis – foram tema do dossiê “Mulheres Negras e Justiça Reprodutiva”, recém-lançado por Criola. O documento apresenta dados oficiais nacionais e do estado do Rio de Janeiro para um amplo panorama sobre os impactos da ausência de justiça social na saúde e na vida das mulheres negras, entre eles:

– Mortalidade materna: 65,93% entre mulheres negras x 30,14% entre  mulheres brancas (SINAN/2019)

– Violência sexual: 56,21% entre mulheres negras x 35,67% entre mulheres brancas (SINAN/2019)

– Óbitos por aborto: 45,21% de mulheres negras x 17,81% de mulheres brancas (SINAN, Jan/2020 a Fev/2021)

Acesse aqui o dossiê Mulheres Negras e Justiça Reprodutiva

Também de 25 a 29 de outubro, Criola vai fortalecer a pauta unificada dos movimentos sociais em torno da cobrança pela efetivação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, com o objetivo de promover a saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do Sistema Único de Saúde.

Sobre o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra

A data, instituída em 2006, remete à luta pela criação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, com amplo envolvimento de Criola e de organizações que, naquele ano, constituíram a Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra. A política só foi publicada em 13 de maio de 2009 e, desde então, o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra marca a pressão desses movimentos pela efetivação dos mecanismos de enfrentamento ao racismo institucional no Sistema Único de Saúde.

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Crédito imagem: Agência Brasil

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